25 de out. de 2011

Meias conversas

    Não consigo nem mesmo descrever o que sinto, me perdi em meio a tantas frases que comecei a escrever. Cada palavra por mais correta e bem colocada que esteja está sempre equivocada. Talvez o problema não sejam as palavras, o contexto ou a realidade delas e sim o fato de estar perdida em meio a tantos fatos.    Queria poder olhar para o lado e sentir um doce sorriso maroto e olhos negros vidrados em mim com um aroma amadeirado rodeando-me, mas não consigo. Queria poder olhar em um reflexo e ver uma companhia fervorosa que a cada abraço faz com que eu me sinta protegida, ver ali um doce sorriso que eu tanto contemplo.    Tudo se mantem como um dia nebuloso, procuro frestas de raios e nenhum comete a ousadia de atingir o solo. Por um momento queria poder ter a ousadia de invadir ambas as mentes, não por comparação e sim por compreensão. A verdade e que aquele que mais me manteve presa por todo esse tempo não me pertence. 
   Por mais que as frases sejam ditas com cuidado e me atinjam de forma completa elas sempre serão vazias de confiança. Meias conversas nunca resolverão uma história mal ditada por ambas as partes, mas temo que se forem completadas o final será desastroso. Infelizmente sobrevivo passiva de erros, minha frágil alma humana. O que dizer quando algo tão forte lhe é dito de forma tão inesperada e verdadeira? O que dizer quando você simplesmente não acredita nesse sentimento, não ele individualmente mas em um coletivo, o que dizer quando para você o amor simplesmente é irreal? 
    Queria por um momento acreditar na existência desse sentimento tão implacável, mas essa realidade para mim parece tão imperfeita. Algo assim precisa ser permanente, visto apenas entre almas que se completam, algo tão raro como verdadeiro. Não desconsidero cada palavra dita e como ela me atinge e me surpreende, apenas não consigo entende-la por pura imaturidade talvez.

2 de out. de 2011

Voar

Ela estava sentada em um banco admirando o vai e vem das ondas e sua simplicidade, como tudo vive em certa harmonia. A água em sua plenitude azul e a linha mais perfeita do mundo; o horizonte. O vento roçava seu rosto levemente e secava sua lagrimas salgadas. Com um leve balançar de fios de um tom caramelo a garota pode sentir o aroma, o aroma de maresia que a fazia ficar tonta, mas que ela estava aprendendo a adorar.
As lagrimas que antes escorriam com relutância agora não podiam nem mesmo ser notadas, o vermelho dos olhos deu espaço a um branco neve com sutileza. Em uma resposta involuntária ela mordiscou os lábios rachados e os molhou, adquiriram um leve tom rosado porém as rachaduras eram evidentes. Seu nariz estava congelando pelo vento e isso lhe causava prazer. Podia se notar com certa insistência que ela se arrepiou por inteira. As pernas que antes eram abraçadas contra o corpo foram de encontro com a areia e por ali se afundaram. Em um sinal de esperança a garota abriu os braços levemente como se pulasse de um penhasco, fechou os olhos e sorriu.
Essa era a sua liberdade, ele a presenteou. Era essa sua carta de alforria para a vida. Com um tom individualista e nada arrogante ela vai sorrir e viver. Certas imprudências e loucuras resultantes em desastres provavelmente vão ocorrer, mas viver é exatamente isso. Ela decidiu ir o mais longe que a vida puder oferecer-lhe e ter ousadia de correr além dos limites. Ela vai voar.