28 de mar. de 2012

Tempo decorrido: indeterminado


Tem se tornado tão facil observar o sol se por. Posso estar sentada, sozinha admirando o céu ser riscado por tons alaranjados até que o azul escuro comece a encoli-los. Minha vida têm sido um eterno nascer e renascer. Quando o sol se põe eu sinto meu coração mais pesado, como se fosse feito de chumbo. Então ele volta, ele renasce e meu coração dorminhoco se torna uma pluma.

Aos poucos meu sorriso está se transformando, está quase fácil sorrir novamente. A esperança está voltando, meio difusa mas está voltando. Posso sentir as gotas da chuva tocarem minha pele. Elas batem com força, como se desejassem perfura-la. Não desejo nada eterno, a eternidade me prende a promessas. Eu também não desejo nada breve nem duradouro, que seja desconhecido mas que seja intenso. Que meu sorriso não seja solitário. Que ao abrir os olhos e me deparar com a noite profunda possa dizer "eu venci".

26 de mar. de 2012

Reticências

Engolir minha vontade, minha saudade vem tornando-se um mártir. Uma história que nos nunca terminamos de escrever. Esse conto cheio de "então..", "talvez", "será",e "finalmente" que nunca determinaram nada. As reticências são os únicos pontos que eu ainda me permito colocar entre nós. Enquanto meus braços permanecem cruzados, meu maxilar duro e meu coração.. Ele permanece remendado e adormecido. Em certos momentos ele chega a cambalear, e tentar se levantar, mas um motivo ainda não apareceu. 
O sorriso se mantem opaco, o brilho no meu olhar se foi, e minha mente se ocupa com as trivialidades da vida. Meus olhos esquadrinham as letras, meus lábios se movimentam emitindo sons, e meu raciocínio busca ambiguidades que não existem. Não vou obrigar-me a acabar nada, e nem a começar de novo. Estou experimentando aquele tal de "esperar acontecer".

3 de mar. de 2012

Viver

Ao abrir meus olhos me deparei com pequenos raios de sol adentrando em meu quarto. O calor me fazia sentir agonia. Levantei-me, e segui meu dia. Senti cada gota gelada se chocar com minha pele marfim e refresca-la, senti o toque do tecido acompanhar o formato do meu corpo, algumas borrifadas e senti o meu perfume suave. Consumi aquele que aquele líquido escuro e quente, aquele meu eterno vicio. Então girei a maçaneta e senti a leve brisa entrar.Ao me deparar com o dia abri um leve sorriso, não do tipo contente, mas do tipo esperançoso. Como de se esperar, em um dia em que a maioria aproveita para dormir, continuei com meus vícios Apenas dois quarteirões tiveram que ser percorridos e eu estava em meio ao verde de novo. Aquela paz e aquele frescor me acolheram plenamente. Abri meu livro e comecei a ler, eu estava-me refugiando de tudo e de todos. Uma tarde calma e extremamente gratificante... O dia passou...O que realmente me atordoava era a solidão. A inercia da minha noite que sempre parecia longa de mais, e ela chegou. No céu não se viam estrelas e elas me faziam falta. Em vez de pontos brilhantes no alto, em minha volta as luzes chamuscavam e gritavam por mim. Nada daquilo me pertencia, nada daquilo me descrevia.Deitei em minha cama, me segurava para não escrever nada, nem ao menos um rascunho escondido. Isso seria enganar a mim mesma. Então a dor me consumiu meus dedos estavam esticados, minha mente transbordava de ideias. Fechei os olhos com força, a fim de garantir um sono profundo e sem devaneios. Ele não se atreveu a aparecer.Meus dedos vasculharam o teclado que sempre me acompanha e começaram o "clack clack" sem parar. Então eu finalmente entendi, eu não preciso de inspiração nova, eu nem mesmo perdi a minha. Prendi todos os meus medos junto com meus sonhos e eles estavam se consumindo. Não preciso de razão alguma, preciso aceitar aquelas que existem em mim. Mudei minhas crenças, esse sentimento tão lindo existe, e não e preciso um romance para prova-lo. Fé, esperança, cumplicidade são maneiras de amar diferentes e elas existem em mim. Não quero forçar a saída de ninguém da minha vida. Estou começando a entender que viver não se baseia em nada, viver é a base de tudo.