25 de jul. de 2011

Desequilibrio


Depois de tanto tempo e tantas histórias, tudo voltou ao mesmo de antes. Em meus lábios um gosto amargo, a bebida queimava enquanto descia em minha garganta, meus olhos estavam vidrados em nada. O cigarro estava no fim, estático em meus dedos, meu corpo estava pálido e gélido Em minha volta o sangue era de um vermelho vivido, e ainda parecia de certa forma fresco, o mais estranho não era sentir e sim me observar. Eu me observava sem vida.
Então como um sopro inesperado, eu abro meus olhos e estou sentada, minhas mãos seguram com força o volante embora o carro não esteja em movimento, preciso decidir para onde ir. Eu poderia me culpar por cada sentimento estranho fervendo dentro de mim, se eu ao menos os entendesse. Perguntas sem respostas sempre permanecerão, e eu desisti de procura-las. Ao fechar os meus olhos eu descobri que me encontro em situações inusitadas. Queria por um momento estar longe daqui e longe de tudo, meu lugar não seria entre o céu e o inferno e menos ainda inerte em um dos lados.
Enquanto nada descubro em meu futuro, continuo com minha vida patética Minha vida grita por mim, insiste em sufocar os meus desejos e o tempo passa. Tenho que fazer algo. Enquanto isso me mantenho aqui sentada olhando para esta longa estrada, implorando para que alguém me obrigue a correr. Imploro por um pouco de adrenalina. Os riscos físicos me fascinam já que minha alma está tão deteriorada.

24 de jul. de 2011

Reconhecer



Minha mente me negou cada delírio, nada de goles quentes ou gelados, nada de uma doce ilusão. Meu corpo mesmo que pouco correspondeu a certas músicas, meu sorriso correspondeu a certas frases, mas em momento algum minha alma esteve ali comigo. O som que fazia meus ouvidos zumbir e sentia dentro de mim, como se nada me preenchesse. Pela primeira vez me permiti tentar viver mas sendo um eu que descobri em cada segundo de uma longa noite fútil. A noite mais diferente de todas, e aquela que jamais vou esquecer.
Não me reconheço, mas não signifique que me perdi. Sinto-me presa a algo que não sei, como se estivesse amarrada a algo da qual não me permiti fugir. Não sei bem o que ou como mas algo mantém certa gravidade em mim e ainda consigo respirar embora sem motivo. De certa forma eu posso sorrir e respirar mesmo que de forma parcial. Um dia eu sei que em algum lugar eu vou sorrir de forma profunda e verdadeira e nesse momento sim eu vou sentir meu coração bater novamente, minha alma ainda me faz acreditar.

11 de jul. de 2011

Apenas a verdade



Preciso que você entenda e me deixe seguir. Mesmo que toda vez que feche os olhos é ao seu lado que eu me veja, que certos sons se propaguem dentro de mim ou que eu ainda sinta seu perfume quando e menos conveniente, eu preciso que me deixe ir. Olhe nos meus olhos então e diga tudo o que tem pra dizer, estou cansada desse jogo. Minha garganta está seca, meus labios sangram a medica que insisto em precionalos contra meus dentes.


Olhe pra mim e diga apenas o que pensa então, sem jogo ou historias, vamos colocar um ponto, preciso de alguma conclusão. Minha boca seca embora implore minha mente nega cada gole de desvaneio, cada vicio meu foi corrompido. Minhas lembranças vem se misturando sem respostas. Sempre que meus olhos se encontram com os seus, mesmo que por poucos segundos, entro em colapso e perco a noção de tempo e espaço. A vida passa, e continuo sem respostas. O inverno tem se intensificado mesmo não podendo senti-lo. Apenas tenha certeza, estou farta de todas essas letras digitadas. Apenas me diga a verdade, sem desculpas, preciso seguir e tentar sorrir. Não quero seguir a vida pensando sempre qual foi o real final.





Não me deixe ir, posso não mais voltar.. (Clarice Lispector)

8 de jul. de 2011

Doce sonho alheio

Fecho os olhos e ainda sinto o gosto do beijo dele, ainda sinto seu toque suave sobre minha pele, ainda sinto o seu perfume amadeirado. Tudo isso não passa de uma lembrança, e isso dói. Queria poder olhar fundo nos seus olhos e lhe obrigar a me dizer. Preciso que ele me diga que não é um sonho, que não foi por maldade, e que em alguma parte dentro dele ele sente algo por mim. Eu sei do que preciso e eu sei o que eu desejo, mas tenho total consciência de que isso jamais vai acontecer.

Então novamente estou fechando meus olhos, me permita ao menos sonhar com algum momento mágico. O vento frio roça meu rosto, faz minha pele se arrepiar e eu sinto meus lábios se congelarem levemente. O cheiro do doce orvalho da manha me faz apenas desejar cada vez mais que nós ainda estivéssemos juntos. Em vez de blusas grossas eu queria seus braços em minha volta, eu trocaria o orvalho pelo seu perfume, e eu trocaria tudo por algum momento. Se ainda me permite vou voltar a sonhar, neles ainda me restam alguns respingos daquele beijo doce, alguns leves respingos de esperança nessa estrada. Eu sobrevivo sobre esse doce sonho alheio a realidade obrigada.

Seguindo


“Eu estou me tornando mais à-vontade com a sua ausência. Eu me esquecerei de cada gosto, de cada lembrança, me de tempo e você viverá sem vestígios meus. Estranhamente meus lábios se abriram em sinal de seus sorrisos, eu estou me despedindo. Não sorrio com você, mas quero sorrir por você. Posso ser de outro tempo, mas não quer dizer que ainda não combinamos apenas não nos pertencemos mais. A fotografia sempre vai ficar guardada, mas apenas guardada. Quando um dia eu puder admirá-la sem romper certas dores eu as admirarei e sorrirei com você até que meu tempo acabe. Nós nos encontramos em algum lugar, agora sorria e vá encontrar quem realmente lhe pertence. Em momento algum minha intenção foi quebrar você. Depois, um dia você a encontrará, eu tenho certeza disso. Não será fácil pra mim me prender, mas algum dia eu provavelmente poderei tentar, se realmente voltar a sentir tudo isso. O sol se apagou e a lua surgiu e nós ainda não nos conhecemos. Não há o que encontrar. Sem portas meio abertas, cuidei muito bem de trancar as janelas, então, por favor, siga-se. Se você foi embora talvez seja a hora de ir embora para casa, estou te livrando de todo esse fardo.”
Foi estranho de mais escrever cada palavra, mas ela tinha certeza de uma coisa, ela precisava permitir que ele vivesse. Ela admirava a vida seguindo seu rumo autêntico sem pertinências. A carta foi colocada na caixa do correio assim que ela vira o ônibus passar. Sua mochila parecia tão leve em suas costas como se nada realmente estivesse ali. Sem olhar para trás ela embarcou e fechou os olhos. Ela agora estava indo em busca da felicidade, esteja onde estiver. Pode ter demorado, mas ela viu que ele não a pertencia mais.

5 de jul. de 2011

Maio/1968

Maio de 1968
“Você me observava como um pintor admira sua Monalisa, seu olhar me contempla em certos momentos. Esses momentos variam por um olhar vago e indeciso. Gostaria de entrar um pouco em sua mente e realmente entender como me vê. Seus momentos de admiração me permitem uma felicidade única porem, eu imploro, eu não sou perfeita não me veja assim. Preciso que veja minhas imperfeições, preciso que olhe pra mim com olhos humanos e veja que não sou tão rara e bonita assim. Sou apenas uma entre tantas, que não se destaca. Não tenho olhos chamativos ou um corpo atraente, permaneço sempre escondida. Sou a pequenina que fica no fundo, que não atrai atenção pra si e nem deseja. Sou uma simples e tola mortal que erra e que questiona como é a simples ilusão da morte. Não quero que me siga, nem que se guie pelos meus passos. Preciso ser guiada pelos teus, preciso que seu sorriso me acorde e que seja ele que permita fechar meus olhos. Seria bom não tomar decisões ,mas seria pior ainda não pensar. Então digo que o bastante é você quem decide.Meu doce menino, olhe pra mim com seus olhos quentes e apenas diga o que pensa e faça o que quiser, não permita que ninguém decida o que fazer. Meu bebe eu espero que entenda eu apenas quero sorrir ao seu lado.”

1 de jul. de 2011

Incognita


Se você realmente olhasse em meus olhos veria como eles brilham. O jeito como me observa marca meu passado, meu eu presente ignora aquelas antigas ações. Entendo que simplesmente queira viver, agora eu já não me dou a esse luxo. Eu estou seguindo, não para o meu tão sonhado encontro, caminho pra minha vida. Sem certo ou errado, sem decisões eu vou seguindo. Pessoas me abraçam, sorriem pra mim, posso sentir o orgulho delas sobre minha pele. Minha superfície macia e marfim se arrepia, elas realmente estão orgulhosas por algo que fiz, mas pra mim não é o suficiente. Se esse é o nosso adeus, tenho muito que te agradecer.
Meu coração realmente está preenchido, e por você sorriso maroto, ele nunca se esvaziou. Tempo de mais se passou e fiz coisas que não eram do meu feitio então até quem sabe aonde. Você realmente aprendeu a me prender a você. A chuva cai, o vento sopra lembre-se que sempre estive ai. Seguro com força o volante, sinto a estrada ir cada vez mais rápido abaixo dos meus pés, eu estou seguindo o meu verdadeiro caminho. Você é uma doce incógta permanente.