14 de set. de 2011

Paginas reviradas

Eu conseguia observar os primeiros raios de sol cortarem o céu em filetes de um laranja quente. Meu sorriso era refletido sobre a água trêmula daquele lago misterioso. O cobertor que me aquecia enquanto meus lábios esbranquiçados e trêmulos liberavam uma doce fumaça, já não tinha mais a extrema necessidade de toda a madrugada. Meus olhos permaneciam opacos diante de tudo. Estava-me tornando cada vez mais só, com mais saudade e com mais medo do que sempre tive, medo não de me perder mas de nunca me encontrar.
Em certos momentos em que me permiti fechar os olhos e imaginar, observei pessoas em seus mínimos detalhes físicos e emocionais. Fui obrigada a me despedir de algumas, outras foram com certa relutância mas sem ressentimentos, mas algumas ainda ficaram e eu sorrio por isso. Ainda consigo ver olhos gentis me admirando com certa emoção e me faz bem pensar que eles ainda sentem a minha presença.
Olho em volta e ainda estou sozinha, pelo menos não estou confusa. Meus lábios começam a adquirir um leve tom rosado e meu coração martela batidas levemente mais fortes. Sinto falta daqueles quem me acompanhavam em quanto o céu escurecia. O frio estava passando ao ponto de retirar o cobertor, e sentir de forma menos intensa aquele frio que me rodeava.
O sol continua a nascer iluminando o céu com tons mais claros de um vermelho e amarelo difusos. Permito-me molhar meus pés descalços. A água gelada os faz adormecer em alguns minutos, um cheiro energizante me preenche. Um cheiro forte de incenso de alecrim me rodeia. Talvez seja minha mente me enganando ou talvez eu realmente esteja bem acompanhada, libertando permito-me preencher com todo aquele perfume. Fecho meus olhos novamente, inalo o doce cheiro com êxito. Preencha meu corpo e minha alma, quem sabe assim eu descubra se ainda há alguma.

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