12 de out. de 2010

Deja vu

“A falta de seu gosto em meus lábios me tortura, conto os dias com minha mente vagando em algo irreal. Sonhos que já não tenho e não me permito ter, são para pessoas que tem esperanças, e eu as perdi. Tantas pessoas passaram por mim, e pelas minhas frases rabiscadas por dedos ágeis. Fico tempo de mais olhando para as mesmas telas, em busca de sinais que apresentem interesse, mas sinto que estou perdendo. Como se cortassem as linhas de uma marionete, vejo-me presa, sem poder me movimentar nem viver, eu só queria ter alguém de verdade pra mim, um alguém que nem mesmo me vê.”

Enquanto ela escrevia mais alguns trechos em seu diário, ela pode sentir olhos presos em seus lábios, em sua pele, em seus olhos marejados por lagrimas, ela pode ver os olhos que acreditava não a verem, ele estava sentado ao seu lado no sofá da varanda, segurando a sua mão. Sua inocência é tão transparente como sua alma, seu amor e tão verdadeiro e presente como o ar que respiramos, ela simplesmente é hipócrita de mais a ponto de se permitir arriscar.

O diário fora jogado de lado, e com um pulo improvisado pelo desespero, ela se jogou rumo ao nada. Podia se ver ao longe seu corpo desfalecido descendo em uma velocidade inumana os 17 andares do prédio em que morava. Tudo não passara de um delírio, ela estava se levantando para mais um dia de aula. À noite após o jantar enquanto escrevia palavras mal pensadas em seu diário, teve a estranha sensação de deja vu.

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